Bullying na adolescência e juventude

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O bullying é um fenómeno social que ocorre em qualquer parte do mundo, independentemente de onde se possa viver, do estatuto social que se possa ter ou da instituição que se possa frequentar. Acontece particularmente entre crianças e adolescentes em contexto escolar, especialmente por ser onde se torna mais consciente a diferenciação em relação aos outros, por questões físicas, morais, ideológicas, étnicas, culturais ou mesmo religiosas.

Os adolescentes/jovens são vítimas de bullying quando são expostos repetidamente a atos negativos por parte de um ou mais pares. Este comportamento disruptivo é, geralmente, repetido ao longo de um determinado período de tempo, que se pode desenrolar entre poucas semanas e estender-se por vários anos. O bullying pode assumir várias formas de abuso, como por exemplo: empurrões, murros ou palmadas (bullying físico); insultos e ridicularizar (bullying verbal); intimidação ou exclusão social (bullying emocional ou não verbal); envio de mensagens ou imagens ofensivas por correio eletrónico, redes sociais ou telemóvel (cyberbullying).


Sinais de alarme:

Uma criança/jovem que é vítima de bullying, ou seja, que é provocada, intimidada, perseguida ou agredida com frequência pelo mesmo colega ou grupo de pares, habitualmente apresenta muita dificuldade em se defender e em exteriorizar os seus receios, traumas e frustrações.  

As vítimas de bullying são frequentemente consideradas pelo agressor como sendo fisicamente mais frágeis, tímidas e com uma personalidade ansiosa.

Habitualmente são crianças/jovens que têm uma visão negativa de si, baixa autoestima agravada pelas críticas a que são sujeitas pelos seus pares ou por adultos. Muitas vezes não sabem o que devem ou não fazer quando estão a ser humilhadas, tornando-se, por isso, “presas” fáceis.

Geralmente, mantêm-se em silêncio face ao sofrimento, essencialmente por vergonha dos outros, por se sentirem culpadas ou por medo do agressor.

Crianças/ jovens mais introvertidos, com dificuldade em falar do seu dia a dia, dos seus colegas e em expressar emoções, que se isolam, que apresentam alguns complexos com a sua imagem ou capacidades, podem ter maior probabilidade de vir a ser vítimas de bullying e de o não conseguirem expressar para pedir ajuda.

De referir que os agressores, na sua maioria, são jovens inseguros apesar de se apresentarem como pessoas muito seguras. Estes têm pouca resistência às frustrações e têm dificuldades em adaptarem-se às normas sociais. Não se identificam com a escola, costumam ser populares e podem-se envolver numa série de atividades antissociais, combinadas com força física e/ou moral. São também fruto de uma baixa autoestima e precisam também eles de ajuda.

As situações de bullying que ocorrem durante a adolescência (quer no caso da vítima ou do agressor), se não forem atempadamente tratadas com recurso a serviços de apoio profissional, poderão dar origem a patologias graves para os jovens envolvidos durante a sua vida adulta. Se a criança/jovem não tiver a oportunidade de verbalizar ou exteriorizar os seus medos, frustrações, obsessões ou pensamentos desestruturados, poderá ter dificuldade nas ligações sociais e afetivas, bem como no seu bem-estar geral.


As vítimas devem:

• Falar; não ficar com o sofrimento guardado dentro delas.

• Dizer imediatamente a um adulto quando são provocadas, humilhadas ou agredidas.

• Evitar contacto isolado com o agressor.

• Tentar afastar-se de possíveis situações de conflito.

• Tentar não mostrar inquietação ou medo face ao agressor.

• Estar na companhia de amigos, sempre que for possível.


 As testemunhas devem:

• Quando assistem a situações de agressão, dizer ao agressor para parar.

• Ajudar a vítima a afastar-se da situação de humilhação e agressão.

• Sempre que possam, pedir a outros amigos para ajudar a resolver a situação.

• Pedir ajuda a um adulto ou relatar mesmo depois do incidente ter acontecido.

• Mesmo já não sendo, tornar-se amigos da vítima.


Os adultos devem:

• Estar atentos a possíveis sinais de isolamento ou mal-estar nos jovens.

• Questionar o jovem sobre a forma como os colegas o tratam e se testemunha com frequência situações de bullying.

• Cooperar com professores, assistentes operacionais e restantes membros da comunidade escolar.

• Encarar relatos e situações de bullying com toda a seriedade, por menores que possam parecer e reforçar positivamente a atitude de quem relata esses episódios.

• Promover a autoestima dos jovens através de reconhecimento, presença consciente, aceitação, confiança e amor incondicional.

• Ensinar os jovens a serem assertivos e a expressarem as suas emoções, sem agressividade.

• Sensibilizar os jovens para estratégias de combate ao bullying.

• Promover ambientes e atitudes favoráveis de socialização.


“O Amor não faz mal ao próximo.” (Romanos 13:10)


Relembra-se que a consulta deste artigo não dispensa o recurso a um profissional da área da saúde mental para diagnóstico e acompanhamento personalizado.

Ana Rita Núncio

Psicóloga e Educadora Emocional

AD Benavente

Etiquetas: Bullying, Comportamente, Recursos